segunda-feira, 15 de outubro de 2012


Disciplina Leitura e Produção Textual- Profª Drª Nilsa Brito
Resenhas- Turma 2011.

As resenhas que  serão publicadas no Blog da FAEL, a partir desta semana, foram produzidas pelos alunos da turma de Letras-Português/2011,  durante a disciplina Leitura e Produção Textual.
Adotando procedimentos de retextualização, durante a disciplina, duplas de alunos leram diferentes  obras literárias (gênero romance ou conto) e, a seguir, dedicaram-se à resenha da obra lida. Após a primeira escrita, os textos foram submetidos à avaliação da turma, em sala, reescritos pelas duplas, e agora chegam aos leitores, com informações resumidas da obra lida.
 Sabemos que há ainda um longo percurso de escrita a ser trilhado por cada autor, em busca da superação de algumas questões de texto, mas esta é uma iniciativa que objetiva  inserir os alunos em processos de escrita que ultrapassem a sala de aula universitária! Boa leitura!
 Nilsa Brito Ribeiro – Profa. responsável pela disciplina Leitura e Produção Textual- LA/2011.

CASAS, Cecília. Antígone. São Paulo: Scipione, 2004.
            Antígone é uma tragédia grega que envolve temas como desavenças, desobediência, lealdade, justiça e amor. É uma peça teatral de fortes contrastes, escrita por Sófocles, autor bastante conhecido e consagrado em seu tempo. Com mais de cem obras escritas, apenas sete chegaram até nós. Dentre elas, destacam-se: As Trácias, Édipo em Colono, Édipo Rei, Ajax Electra, Filoctetes e Antígone.
            Antígone é uma obra clássica produzida em uma época em que faziam jus as palavras do Rei de Tebas que tinha como apoio supremo os Deuses. Época de bastante tirania em que a voz da verdade calava a todos por medo da opressão. O fato é que a obra ocorre numa sociedade em que a vida pública era de exclusão, marcada de domínio masculino, de modo que a mulher não tinha voz e nem vez.
            A narrativa se volta para uma briga familiar que gira em torno de uma disputa pelo trono da cidade de Tebas, quando o Rei Édipo, ao descobrir que se casou com a própria mãe, arrancou-lhe os próprios olhos. Quando sua mãe e também esposa descobriu que seu amado havia morrido, suicida-se. Polínice e Etéocles, filhos do rei, brigam pelo reinado e os dois acabam morrendo e a partir de então Creonte, tio dos dois jovens, passou a assumir o trono.
            Prevalece no enredo um clima bastante tenso, de forma que a história vai se desenrolar  na Praça da cidade de Tebas, onde o rei Creonte perante todo o povo ameaça de morte quem descumprisse o edito, após a morte dos dois filhos do rei, Etéocles e Polínice.
            O edito dizia respeito ao sepultamento dos irmãos:  ‘‘Honras para o defensor, desonra para o agressor’’ (CASAS, 2004, p. 4). Ficou declarado que o corpo de Etéocles teria direito a todas as honrarias, enquanto Polínice teria seu corpo largado para cães e aves carniceiras. Creonte dizia que tal atitude serviria de exemplo para toda cidade e a quem ao menos tentasse opôr ao governo. Antígone deixa claro que não deixará o corpo de seu irmão sem suas devidas honrarias.
             Antígone pede ajuda para Ismênia, dizendo que elas não podem deixar seu irmão Polínice insepulto, condenando sua alma a vagar pela terra sem descanso. Nesse momento uma idéia passa pela cabeça de Ismênia: ‘‘A jovem teme por seu futuro e pelo da irmã. O que será delas? Duas mulheres, sozinhas, governadas por homens muito mais fortes, fadadas a obedecer... Que triste fim as espera se ousarem enfrentar Creonte e violar o edito? ’’ (CASAS, 2004, p .8).
            Antígone sepulta o irmão, sabendo que seria castigada mais cedo ou mais tarde e fez o que deveria e que lhe fosse certo, pois o edito que Creonte havia criado não era do consentimento dos deuses.
             Creonte ao ter conhecimento de que Polínice havia sido sepultado, ordenou que o culpado fosse condenado a morte. Assim,          Antígone foi condenada, pois não negara as atitudes que tinha tomado. Ismênia também foi condenada por ser cúmplice. Mas com as palavras sábias de Hémon, filho de Creonte e noivo da prisioneira, o rei acabou libertando Ismênia da punição, mantendo sua palavra válida apenas para Antígone.
            Hémon ouvia seu pai respeitosamente e com boas palavras tenta convencê-lo a  perdoar Antígone, argumentando que o povo de Tebas não considerava um crime a atitude da moça, e sim, um ato de amor.
            Antígone estava acorrentada, aprisionada entre as rochas, Creonte recebe a visita de um velho respeitado profeta cego e representante dos deuses, o qual alerta-o que cairia sobre Tebas uma sombra escura que pagaria com um morto de seu próprio sangue e que a família iria à falência devido as suas atitudes contra Antígone e contra os deuses.
            O Coro pediu que Creonte libertasse a moça antes do pôr do sol como disse o sábio profeta. Porém, já era tarde demais, Hémon e Antígone estavam mortos. Antígone estava pendurada pelo pescoço e Hémon matou-se em um só golpe. O mensageiro dá a trágica notícia à rainha de que seu filho se matara. Após a saída do mensageiro, a rainha se suicida. E tudo parece perdido para Creonte que acabara ficando completamente transtornado com tantas perdas.
Bruna Dias da Silva e Cristiane Oliveira Ferreira
COETZEE, J. M. Juventude: Cenas da vida na província II. Trad. José Rubens Siqueira. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
Juventude: Cenas da vida na província II é um livro lançado em 2010, traduzido por José Rubens Siqueira, publicado pela editora Companhia das Letras. A obra é do autor Sul africano J.M. Coetzee, considerado por muitos críticos literários o maior escritor contemporâneo vivo do mundo. Ganhador do prêmio Nobel de literatura em 2003, trata em seus romances de temas como: solidão, opressão e preconceito.
Juventude é um romance autobiográfico no qual o autor reconstrói com naturalidade os seus ideais juvenis, baseando-se em fatos reais. No entanto, uma vez introduzida no universo da ficção, a história recorre a exageros inusitados para compor a personalidade do personagem principal.
O jovem acadêmico do curso de Matemática aspira tornar- se um escritor, o que de certa forma parece contraditório em relação à sua área de formação.  Na concepção do personagem, até chegar ao seu objetivo ele teria de vivenciar várias situações para enriquecer sua escrita. Tanto que, ao longo da narrativa, John acredita que seu amadurecimento acontecerá quando encontrar a mulher predestinada. A forma como ele deposita tanta fé no amor possibilita o leitor flagrar a ingenuidade do personagem, como vemos nesta passagem:
O que vai curá-lo, se for para acontecer, será o amor. Pode não acreditar em Deus, mas acredita no amor e no poder do amor. A amada, a predestinada, de imediato enxergará, através do exterior estranho, até sem graça, que ele apresenta aquele fogo que queima dentro dele. Enquanto isso, a falta de graça e a estranheza fazem parte do purgatório que tem de atravessar para emergir, um dia, para luz: a luz do amor, a luz da arte. (COETZEE, 2010, p. 9).
O rapaz aguarda ansiosamente por essas experiências  que farão com que ele entre em contato com “o fogo sagrado” da inspiração poética e do verdadeiro amor. Isso mostra a ingenuidade do personagem, um escritor que, em início de carreira, ainda revela insegurança em utilizar sua imaginação para criar, uma vez que acredita precisar viver os acontecimentos em sua vida particular  para escrever.
A narrativa acontece em tempo presente, logo o leitor participa das angústias e expectativas que o personagem sofre durante toda a obra, o que acaba produzindo um efeito paradoxal em relação à questão da autobiografia,  já que, supostamente,  este gênero se inscreve em uma narrativa do tempo passado e na relação com a memória. A narrativa  traz acontecimentos do passado e já se sabe em tese o que vai acontecer a cada capítulo e neste caso percebe-se o oposto: Coetzee contraria as expectativas do leitor, relatando em tempo real a história fazendo com que o leitor sinta-se inserido nos fatos narrados.  Além disso, o romance é narrado em terceira pessoa, criando um distanciamento emocional entre o narrador e seu eu ficcional, evitando a complacência do relato autobiográfico. A escolha da terceira pessoa também deixa o leitor na expectativa em relação ao desenrolar dos acontecimentos.
Quanto ao enredo, pode-se dizer que conta a história de John Coetzee, um jovem em busca de um sentido para sua vida:  tenta encontrar na paixão algo avassalador que o resgate da rotina entediante, onde nada colabora para seu sonho de escritor. Assim ele busca na fuga para Londres, o que considera ser a capital da arte, algo que o desperte para uma nova vida de aventuras, para dar início à vida de artista, um lugar onde ele possa ter novas oportunidades. Mas ele se frustra e se distancia da escrita ao conseguir um emprego de programador, na busca de sobrevivência. Acaba se deparando com o mesmo martírio em que vivia na África do Sul. Sua mãe, bastante preocupada com a situação do filho, envia-lhe cartas constantemente.
John é um rapaz bastante inseguro e imaturo, espera que seus objetivos venham até ele sem ter que se esforçar para isso. Um jovem alheio às situações existentes em seu país de origem, esforçando-se em ficar distante do que acontece por lá, como por exemplo: o conflito racial que o regime do apartheid conserva por meio de intensa violência.
O rapaz espera encontrar a mulher certa para fazê-lo estremecer de paixão, procurando desoertar seus sentimentos mais profundos e ocultos. Acredita que exista uma predestinada que o fará colocar no papel os poemas que possui em mente e até a chegada dela ele estará apenas passando o tempo.
Enquanto isso, trata todas as mulheres que se aproximam dele com descaso e frieza. Jhon acumula fracassos tanto no plano sentimental, quanto no profissional e se deixa arrastar pela vida. Exaurido pela depressão, não consegue  modificar seu destino, e não desenvolve nenhum interesse com a paixão, nem mesmo a bolsa de mestrado que consegue o animar.
O leitor sente-se indignado com o jovem porque ele tem talento e não corre atrás de seus desejos. John fica estagnado diante de uma situação medíocre da qual ele tenta fugir e não consegue por que não tem força de vontade o bastante para trilhar seu próprio destino.
A leitura da obra guarda uma surpresa ao seu término devido à inexistência de um final esperado pelo leitor. Isto é ocasionado propositalmente pelo autor com a intenção de deixar a próxima leitura em suspense, uma vez que o livro Juventude faz parte de uma trilogia da qual este livro é o segundo.
LOPES, Erico Veríssimo. Um Certo Capitão Rodrigo.São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
                                  Jéssica Cristina e Pedro
     Do ponto de vista cronológico, o livro Certo Capitão Rodrigo é o terceiro episódio  do primeiro volume de O Continente, parte da trilogia O tempo e o Vento. O autor escreveu a obra em 1970 e sua publicação se deu em 1973 (40 reimpressões). Em 2005, a família de Erico Verissimo publicou Um Certo Capitão Rodrigo.
    O livro retrata a história de Capitão Rodrigo que, em 1928, chega à cidade de Santa Fé. Trata-se de um homem guerrilheiro de muitas aventuras e muitas histórias para contar, pois conhecia muitas cidades e participou de várias guerras no decorrer de sua vida. Era muito misterioso e de poucas palavras. Chegou um dia à cidade de Santa Fé, montado em um cavalo, ninguém sabia de onde vinha e nem pra onde iria. As pessoas estavam curiosas para saber quem era aquele homem de mais ou menos trinta anos, montado em um alazão.
    Um dia o Capitão Rodrigo Severo Cambará resolve ir à venda de Nicolau e logo tem um desentendimento com Juvenal Terra, um morador do povoado que não simpatizou com o aventureiro. O recém-chegado ganhou amigos e inimigos na cidade. Por outro lado, Juvenal ficou fascinado com a atitude e a coragem do rapaz recém-chegado, mas ficou também muito desconfiado e intrigado com tanta ousadia e com seu jeito atrevido e relação ao modo como chegou à cidade.
    Ricardo Amaral Neto era o Coronel do povoado, um homem muito rico e de muitos poderes. Logo ficou sabendo da chegada do Capitão e o chamou para uma conversa, pedindo-lhe para se retirar imediatamente da cidade. O Capitão lhe respondeu, dizendo que não recebia ordens e não iria embora.
No dia  de finados, o Capitão Rodrigo conheceu uma moça muito bonita por quem ficou apaixonado. Ela se chamava Bibiana, filha de Pedro Terra. Era uma moça de vinte e dois anos, de rosto redondo, olhos lindos, boca carnuda, voz meiga. Todos os rapazes que chegavam a Santa fé se deslumbravam com sua beleza. Por outro lado, a moça não queria pretendente, pois tinha herdado uma desconfiança muito grande de sua avó a respeito dos homens.
   Além disso, Bibiana estava sendo cortejada por Bento Amaral, filho do Coronel Ricardo; homem rico, bonito e de boa família, com quem todas as moças da cidade queriam se casar. Bento visitava a casa da moça com frequência e sempre levava presentes para toda a família.  Bibiana aos poucos foi conhecendo melhor Rodrigo e foi se apaixonando pelo seu jeito de ser e de se expressar: era um homem corajoso e de poucas palavras, não tinha medo de nada.
Certo dia houve uma festa no povoado, Rodrigo convidou Bibiana para dançar, na frente de Bento que já tinha dançando antes com ela. Bento ficou revoltado com o que viu e deu um tapa na cara do Capitão e logo depois chama seu adversário para um duelo, em um lugar longe do povoado, no qual só poderiam usar adaga e o vencedor deveria voltar para avisar às outras pessoas da festa que  fossem buscar o corpo do perdedor.
 Os dois concordaram e saíram da festa para um lugar afastado. Chegando lá, o duelo começou e Rodrigo desarma Bento que fica desprotegido ao ataque.  O Capitão fala para ele pegar a adaga e novamente começam o duelo, mas Bento não aceitava perder, trazia consigo um revolver com qual atirou em Rodrigo.
Quando Bento chegou ao povoado, mandou buscar o defunto, mas chegando lá os homens perceberam que ele não estava morto e que Bento tinha agido com traição, atirando em Rodrigo com uma arma de fogo à queima-roupa. Capitão Rodrigo ficou entre a vida e a morte, mas aos poucos foi se recuperando. O pai de Bento ficou muito envergonhado com a atitude traidora do filho e pediu ao Padre Lara que falasse a Rodrigo que poderia ficar na cidade quanto tempo quisesse.
  O Capitão ficou surpreso com a notícia, e logo pediu a mão de Bibiana em casamento. O pai dela não gostou muito da noticia, mas mesmo assim concedeu a mão da filha e eles se casaram no Natal.
No começo a vida de casados era boa, Bibiana teve três filhos, que eram: Bolívar, Anita e Leonor. O tempo foi passando e Rodrigo, abriu uma venda junto com Juvenal, porém o Capitão não conseguia se acostumar a uma vida sem aventuras; começou a beber, a ficar deprimido, quase não trabalhava e começou a trair sua esposa. Passava noites fora de casa, inclusive não estava presente no momento da morte de sua filha Anita, que morreu por complicações de saúde.
      Em 1837, começa a Revolução Farroupilha. Rodrigo resolveu se juntar à guerra e em 1835 partiu com as tropas de Bento Gonçalves, deixando sua esposa e seus filhos à sua espera.
    Meses depois ele retorna à cidade com as tropas, com objetivo de fazer um assalto ao casarão da família Amaral. Antes de invadirem o casarão, ele vai até sua casa, Bibiana estava a sua espera, se beijam e fazem juras de amor. Ela pede ao marido que não vá, mas ele não deu ouvidos à esposa. Chegando ao local, a guerra começa e Rodrigo, atingindo com uma bala no peito vem a falecer em seguida. Coronel Ricardo morreu também e seu filho Bento fugiu. Bibiana ficou viúva e com os dois filhos para criar, embora para ela seu marido não tivesse morrido, pois em seu pensamento o Capitão Cambará tinha voltado para casa.
  O livro trata-se de um romance muito bonito, de aventuras e mistérios, ódio e prazer. Relata um amor que tinha de tudo para dar certo, mas não aconteceu assim, esse amor teve um fim trágico que é a morte do Capitão Rodrigo Cambará.

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