Disciplina Leitura e Produção Textual-
Profª Drª Nilsa Brito
Resenhas- Turma 2011.
As resenhas que serão publicadas no Blog da FAEL, a partir desta
semana, foram produzidas pelos alunos da turma de Letras-Português/2011,
durante a disciplina Leitura e Produção Textual.
Adotando procedimentos de retextualização, durante a disciplina, duplas
de alunos leram diferentes obras literárias (gênero romance ou conto) e,
a seguir, dedicaram-se à resenha da obra lida. Após a primeira escrita, os
textos foram submetidos à avaliação da turma, em sala, reescritos pelas duplas,
e agora chegam aos leitores, com informações resumidas da obra lida.
Sabemos que há ainda um longo percurso de escrita a ser trilhado
por cada autor, em busca da superação de algumas questões de texto, mas esta é
uma iniciativa que objetiva inserir os alunos em processos de escrita que
ultrapassem a sala de aula universitária! Boa leitura!
Nilsa Brito Ribeiro – Profa. responsável pela disciplina Leitura e
Produção Textual- LA/2011.
CASAS, Cecília. Antígone. São Paulo: Scipione, 2004.
Antígone é uma tragédia grega que envolve temas como
desavenças, desobediência, lealdade, justiça e amor. É uma peça teatral de
fortes contrastes, escrita por Sófocles, autor bastante conhecido e consagrado
em seu tempo. Com mais de cem obras escritas, apenas sete chegaram até nós. Dentre
elas, destacam-se: As Trácias, Édipo em Colono, Édipo Rei, Ajax Electra,
Filoctetes e Antígone.
Antígone é uma obra clássica produzida em uma época em
que faziam jus as palavras do Rei de Tebas que tinha como apoio supremo os
Deuses. Época de bastante tirania em que a voz da verdade calava a todos por
medo da opressão. O fato é que a obra ocorre numa sociedade em que a vida
pública era de exclusão, marcada de domínio masculino, de modo que a mulher não
tinha voz e nem vez.
A narrativa se volta para uma briga familiar que gira em
torno de uma disputa pelo trono da cidade de Tebas, quando o Rei Édipo, ao
descobrir que se casou com a própria mãe, arrancou-lhe os próprios olhos. Quando
sua mãe e também esposa descobriu que seu amado havia morrido, suicida-se. Polínice e Etéocles, filhos do rei, brigam pelo
reinado e os dois acabam morrendo e a partir de então Creonte, tio dos dois
jovens, passou a assumir o trono.
Prevalece no enredo um clima bastante tenso, de forma que
a história vai se desenrolar na Praça da
cidade de Tebas, onde o rei Creonte perante todo o povo ameaça de morte quem
descumprisse o edito, após a morte dos dois filhos do rei, Etéocles e Polínice.
O edito dizia respeito ao sepultamento dos irmãos: ‘‘Honras para o defensor, desonra para o
agressor’’ (CASAS, 2004, p. 4). Ficou declarado que o corpo de Etéocles teria
direito a todas as honrarias, enquanto Polínice teria seu corpo largado para
cães e aves carniceiras. Creonte dizia que tal atitude serviria de exemplo para
toda cidade e a quem ao menos tentasse opôr ao governo. Antígone deixa claro
que não deixará o corpo de seu irmão sem suas devidas honrarias.
Antígone pede
ajuda para Ismênia, dizendo que elas não podem deixar seu irmão Polínice insepulto,
condenando sua alma a vagar pela terra sem descanso. Nesse momento uma idéia passa
pela cabeça de Ismênia: ‘‘A jovem teme por seu futuro e pelo da irmã. O que
será delas? Duas mulheres, sozinhas, governadas por homens muito mais fortes,
fadadas a obedecer... Que triste fim as espera se ousarem enfrentar Creonte e
violar o edito? ’’ (CASAS, 2004, p .8).
Antígone sepulta o irmão, sabendo que seria castigada
mais cedo ou mais tarde e fez o que deveria e que lhe fosse certo, pois o edito
que Creonte havia criado não era do consentimento dos deuses.
Creonte ao ter
conhecimento de que Polínice havia sido sepultado, ordenou que o culpado fosse
condenado a morte. Assim, Antígone
foi condenada, pois não negara as atitudes que tinha tomado. Ismênia também foi
condenada por ser cúmplice. Mas com as palavras sábias de Hémon, filho de
Creonte e noivo da prisioneira, o rei acabou libertando Ismênia da punição,
mantendo sua palavra válida apenas para Antígone.
Hémon ouvia seu pai respeitosamente e com boas palavras
tenta convencê-lo a perdoar Antígone, argumentando
que o povo de Tebas não considerava um crime a atitude da moça, e sim, um ato
de amor.
Antígone estava acorrentada, aprisionada entre as rochas,
Creonte recebe a visita de um velho respeitado profeta cego e representante dos
deuses, o qual alerta-o
que cairia sobre Tebas uma sombra escura que
pagaria com um morto de seu próprio sangue e que a família iria à falência
devido as suas atitudes contra Antígone e contra os deuses.
O Coro pediu que Creonte libertasse a moça antes do pôr
do sol como disse o sábio profeta. Porém, já era tarde demais, Hémon e Antígone
estavam mortos. Antígone estava pendurada pelo pescoço e Hémon matou-se em um
só golpe. O mensageiro dá a trágica notícia à rainha de que seu filho se
matara. Após a saída do mensageiro, a rainha se suicida. E tudo parece perdido
para Creonte que acabara ficando completamente transtornado com tantas perdas.
Bruna
Dias da Silva e Cristiane Oliveira Ferreira
COETZEE, J. M. Juventude: Cenas da vida na província
II. Trad. José Rubens Siqueira. São Paulo:
Companhia das Letras, 2005.
Juventude:
Cenas da vida na província II é um livro
lançado em 2010, traduzido por José Rubens Siqueira, publicado pela editora Companhia das Letras. A obra é do
autor Sul africano J.M. Coetzee, considerado por muitos críticos literários o
maior escritor contemporâneo vivo do mundo. Ganhador do prêmio Nobel de
literatura em 2003, trata em seus romances de temas como: solidão, opressão e
preconceito.
Juventude é um romance autobiográfico no qual o autor reconstrói com
naturalidade os seus ideais juvenis, baseando-se em fatos reais. No entanto,
uma vez introduzida no universo da ficção, a história recorre a exageros
inusitados para compor a personalidade do personagem principal.
O jovem acadêmico do curso de Matemática aspira tornar- se um escritor,
o que de certa forma parece contraditório em relação à sua área de
formação. Na concepção do personagem, até
chegar ao seu objetivo ele teria de vivenciar várias situações para enriquecer
sua escrita. Tanto que, ao longo da narrativa, John acredita que seu
amadurecimento acontecerá quando encontrar a mulher predestinada. A forma como
ele deposita tanta fé no amor possibilita o leitor flagrar a ingenuidade do
personagem, como vemos nesta passagem:
O que vai curá-lo, se for para acontecer, será o amor. Pode não
acreditar em Deus, mas acredita no amor e no poder do amor. A amada, a
predestinada, de imediato enxergará, através do exterior estranho, até sem
graça, que ele apresenta aquele fogo que queima dentro dele. Enquanto isso, a
falta de graça e a estranheza fazem parte do purgatório que tem de atravessar
para emergir, um dia, para luz: a luz do amor, a luz da arte. (COETZEE, 2010,
p. 9).
O rapaz aguarda ansiosamente por essas experiências que farão com que ele entre em contato com “o
fogo sagrado” da inspiração poética e do verdadeiro amor. Isso mostra a
ingenuidade do personagem, um escritor que, em início de carreira, ainda revela
insegurança em utilizar sua imaginação para criar, uma vez que acredita precisar
viver os acontecimentos em sua vida particular para escrever.
A narrativa acontece em tempo presente, logo o leitor participa
das angústias e expectativas que o personagem sofre durante toda a obra, o que
acaba produzindo um efeito paradoxal em relação à questão da
autobiografia, já que,
supostamente, este gênero se inscreve em
uma narrativa do tempo passado e na relação com a memória. A narrativa traz acontecimentos do passado e já se sabe
em tese o que vai acontecer a cada capítulo e neste caso percebe-se o oposto:
Coetzee contraria as expectativas do leitor, relatando em tempo real a história
fazendo com que o leitor sinta-se inserido nos fatos narrados. Além disso, o romance é narrado em terceira
pessoa, criando um distanciamento emocional entre o narrador e seu eu
ficcional, evitando a complacência do relato autobiográfico. A escolha da
terceira pessoa também deixa o leitor na expectativa em relação ao desenrolar
dos acontecimentos.
Quanto ao enredo, pode-se dizer que conta a história de John
Coetzee, um jovem em busca de um sentido para sua vida: tenta encontrar na paixão algo avassalador
que o resgate da rotina entediante, onde nada colabora para seu sonho de escritor.
Assim ele busca na fuga para Londres, o que considera ser a capital da arte,
algo que o desperte para uma nova vida de aventuras, para dar início à vida de
artista, um lugar onde ele possa ter novas oportunidades. Mas ele se frustra e
se distancia da escrita ao conseguir um emprego de programador, na busca de
sobrevivência. Acaba se deparando com o mesmo martírio em que vivia na África
do Sul. Sua mãe, bastante preocupada com a situação do filho, envia-lhe cartas
constantemente.
John é um rapaz bastante inseguro e imaturo, espera que seus
objetivos venham até ele sem ter que se esforçar para isso. Um jovem alheio às
situações existentes em seu país de origem, esforçando-se em ficar distante do
que acontece por lá, como por exemplo: o conflito racial que o regime do apartheid conserva por meio de intensa
violência.
O rapaz espera encontrar a mulher certa para fazê-lo estremecer de
paixão, procurando desoertar seus sentimentos mais profundos e ocultos. Acredita
que exista uma predestinada que o fará colocar no papel os poemas que possui em
mente e até a chegada dela ele estará apenas passando o tempo.
Enquanto isso, trata todas as mulheres que se aproximam dele com
descaso e frieza. Jhon acumula fracassos tanto no plano sentimental, quanto no
profissional e se deixa arrastar pela vida. Exaurido pela
depressão, não consegue modificar seu
destino, e não desenvolve nenhum interesse com a paixão, nem mesmo a bolsa de
mestrado que consegue o animar.
O leitor sente-se indignado com o jovem porque ele tem talento e
não corre atrás de seus desejos. John fica estagnado diante de uma situação
medíocre da qual ele tenta fugir e não consegue por que não tem força de
vontade o bastante para trilhar seu próprio destino.
A leitura da obra guarda uma surpresa ao seu término devido à
inexistência de um final esperado pelo leitor. Isto é ocasionado
propositalmente pelo autor com a intenção de deixar a próxima leitura em
suspense, uma vez que o livro Juventude
faz parte de uma trilogia da qual este livro é o segundo.
LOPES,
Erico Veríssimo. Um Certo Capitão
Rodrigo.São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
Jéssica
Cristina e Pedro
Do ponto de vista
cronológico, o livro Certo Capitão Rodrigo é o terceiro episódio do primeiro volume de O Continente, parte da
trilogia O tempo e o Vento. O autor escreveu a obra em 1970 e sua publicação se
deu em 1973 (40 reimpressões). Em 2005, a família de Erico Verissimo publicou
Um Certo Capitão Rodrigo.
O livro retrata a história de Capitão
Rodrigo que, em 1928, chega à cidade de Santa Fé. Trata-se de um homem
guerrilheiro de muitas aventuras e muitas histórias para contar, pois conhecia
muitas cidades e participou de várias guerras no decorrer de sua vida. Era
muito misterioso e de poucas palavras. Chegou um dia à cidade de Santa Fé,
montado em um cavalo, ninguém sabia de onde vinha e nem pra onde iria. As
pessoas estavam curiosas para saber quem era aquele homem de mais ou menos
trinta anos, montado em um alazão.
Um dia o Capitão Rodrigo Severo Cambará
resolve ir à venda de Nicolau e logo tem um desentendimento com Juvenal Terra,
um morador do povoado que não simpatizou com o aventureiro. O recém-chegado
ganhou amigos e inimigos na cidade. Por outro lado, Juvenal ficou fascinado com
a atitude e a coragem do rapaz recém-chegado, mas ficou também muito desconfiado
e intrigado com tanta ousadia e com seu jeito atrevido e relação ao modo como chegou
à cidade.
Ricardo Amaral Neto era o Coronel do
povoado, um homem muito rico e de muitos poderes. Logo ficou sabendo da chegada
do Capitão e o chamou para uma conversa, pedindo-lhe para se retirar imediatamente
da cidade. O Capitão lhe respondeu, dizendo que não recebia ordens e não iria
embora.
No
dia de finados, o Capitão Rodrigo
conheceu uma moça muito bonita por quem ficou apaixonado. Ela se chamava
Bibiana, filha de Pedro Terra. Era uma moça de vinte e dois anos, de rosto
redondo, olhos lindos, boca carnuda, voz meiga. Todos os rapazes que chegavam a
Santa fé se deslumbravam com sua beleza. Por outro lado, a moça não queria
pretendente, pois tinha herdado uma desconfiança muito grande de sua avó a
respeito dos homens.
Além disso, Bibiana estava sendo cortejada
por Bento Amaral, filho do Coronel Ricardo; homem rico, bonito e de boa
família, com quem todas as moças da cidade queriam se casar. Bento visitava a
casa da moça com frequência e sempre levava presentes para toda a família.
Bibiana aos poucos foi conhecendo melhor Rodrigo e foi se apaixonando
pelo seu jeito de ser e de se expressar: era um homem corajoso e de poucas
palavras, não tinha medo de nada.
Certo dia houve uma festa no povoado, Rodrigo
convidou Bibiana para dançar, na frente de Bento que já tinha dançando antes
com ela. Bento ficou revoltado com o que viu e deu um tapa na cara do Capitão e
logo depois chama seu adversário para um duelo, em um lugar longe do povoado,
no qual só poderiam usar adaga e o vencedor deveria voltar para avisar às
outras pessoas da festa que fossem
buscar o corpo do perdedor.
Os dois
concordaram e saíram da festa para um lugar afastado. Chegando lá, o duelo começou
e Rodrigo desarma Bento que fica desprotegido ao ataque. O Capitão fala para ele pegar a adaga e
novamente começam o duelo, mas Bento não aceitava perder, trazia consigo um
revolver com qual atirou em Rodrigo.
Quando Bento chegou ao povoado, mandou buscar
o defunto, mas chegando lá os homens perceberam que ele não estava morto e que
Bento tinha agido com traição, atirando em Rodrigo com uma arma de fogo à queima-roupa.
Capitão Rodrigo ficou entre a vida e a morte, mas aos poucos foi se
recuperando. O pai de Bento ficou muito envergonhado com a atitude traidora do
filho e pediu ao Padre Lara que falasse a Rodrigo que poderia ficar na cidade
quanto tempo quisesse.
O
Capitão ficou surpreso com a notícia, e logo pediu a mão de Bibiana em
casamento. O pai dela não gostou muito da noticia, mas mesmo assim concedeu a
mão da filha e eles se casaram no Natal.
No começo a vida de casados era boa, Bibiana
teve três filhos, que eram: Bolívar, Anita e Leonor. O tempo foi passando e
Rodrigo, abriu uma venda junto com Juvenal, porém o Capitão não conseguia se
acostumar a uma vida sem aventuras; começou a beber, a ficar deprimido, quase
não trabalhava e começou a trair sua esposa. Passava noites fora de
casa, inclusive não estava presente no momento da morte de sua filha Anita, que
morreu por complicações de saúde.
Em
1837, começa a Revolução Farroupilha. Rodrigo resolveu se juntar à guerra e em
1835 partiu com as tropas de Bento Gonçalves, deixando sua esposa e seus filhos
à sua espera.
Meses depois ele retorna à cidade com as tropas, com objetivo de fazer
um assalto ao casarão da família Amaral. Antes de invadirem o casarão, ele vai
até sua casa, Bibiana estava a sua espera, se beijam e fazem juras de amor. Ela
pede ao marido que não vá, mas ele não deu ouvidos à esposa. Chegando ao local,
a guerra começa e Rodrigo, atingindo com uma bala no peito vem a falecer em
seguida. Coronel Ricardo morreu também e seu filho Bento fugiu. Bibiana ficou
viúva e com os dois filhos para criar, embora para ela seu marido não tivesse
morrido, pois em seu pensamento o Capitão Cambará tinha voltado para casa.
O
livro trata-se de um romance muito bonito, de aventuras e mistérios, ódio e
prazer. Relata um amor que tinha de tudo para dar certo, mas não aconteceu
assim, esse amor teve um fim trágico que é a morte do Capitão Rodrigo Cambará.
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