quarta-feira, 24 de outubro de 2012

 II Seminário de Estágios e Práticas


13 de novembro de 2012
Local: Campus  I

        Público: Graduandos de Letras e docentes da Educação Básica.
Inscrição a partir do dia 25 de outubro na FAEL
Com apresentação de trabalho: até dia 01 de novembro.
Sem apresentação de trabalho: até dia 09 de novembro.
Emissão de certificado.



Programação

8h- Credenciamento
8h 15- Comunicações
10h 45- Discussão/Intervalo
14h- Oficinas
18h- Comunicações
20h- Discussão/encerramento

FAEL:     21017109

terça-feira, 23 de outubro de 2012

 Disciplina Leitura e Produção Textual- Profª Drª Nilsa Brito
Resenhas- Turma 2011.

As resenhas que  serão publicadas no Blog da FAEL, a partir desta semana, foram produzidas pelos alunos da turma de Letras-Português/2011,  durante a disciplina Leitura e Produção Textual.
Adotando procedimentos de retextualização, durante a disciplina, duplas de alunos leram diferentes  obras literárias (gênero romance ou conto) e, a seguir, dedicaram-se à resenha da obra lida. Após a primeira escrita, os textos foram submetidos à avaliação da turma, em sala, reescritos pelas duplas, e agora chegam aos leitores, com informações resumidas da obra lida.
 Sabemos que há ainda um longo percurso de escrita a ser trilhado por cada autor, em busca da superação de algumas questões de texto, mas esta é uma iniciativa que objetiva  inserir os alunos em processos de escrita que ultrapassem a sala de aula universitária! Boa leitura!
 Nilsa Brito Ribeiro – Profa. responsável pela disciplina Leitura e Produção Textual- LA/2011.
HATOUM, Milton. Dois Irmãos. São Paulo:Companhia das Letras, 2000.


Miriam Nascimento
Valdilva Pereira

          O autor, nascido em Manaus em 1952, estreou como escritor em 1980. “Dois irmãos”, seu segundo livro, foi publicado em 2000. Narra um drama famíliar que tem como centro a história de dois irmãos gêmeos – Yaqub e Omar – e suas relações no convívio familiar, com Halim, o pai; Zana, a mãe; Rânia, a irmã;  Domingas, a empregada e Nael o filho desta.
         É uma história de como se constroem as relações de identidade e de diferença  dessa família. O autor busca formas e formatos para descrever essa família, o lugar onde se passa o enredo e a figura do narrador.
         A história da família se passa em Manaus, onde o autor desenha no imaginário do leitor, todo um cenário: as ruas, os portos, peixeiros, feirantes, vendedores de frutas e os lugares de encontro das pessoas, os rios, as cidades flutuantes; em suma, um leque de informações  que oferece ao leitor, uma viagem ao cenário da história.
Ao longo de doze capítulos, apresenta- se, um jogo de narrativas minuciosas, cujo resultado só será desvendado com o desenrolar da própria leitura, estratégia que atrai o leitor.
         Dois irmãos inicia-se com uma prévia narrativa do eu-lírico sobre Zana – figura da mãe dos gêmeos – que é obrigada a deixar com muita relutância a casa em que viveu com sua família,  junto ao porto de Manaus. O narrador descreve  suas dores, por não conseguir a reconciliação de Yaqub e Omar, a angústia pela ausência do filho caçula, a quem ela  amava muito, protegia  e dedicava-se  a ele de uma forma muito intensa. As alucinações que tinha com Galib, seu pai, e com Halim , até o momento de sua partida, sua morte eram também motivos de angústias.
        A narrativa detém-se a seguir na história de  Yaqub quando retornou do Líbano, onde passara uma longa temporada longe de sua família – período da segunda guerra mundial. Yakub retorna à casa familiar com a imagem de um jovem pacato e distante, um matuto que com muita força de vontade consegue dar a volta por cima e concluir seus estudos em Manaus num colégio de padres,  juntamente com seu irmão; depois resolve ir para são Paulo e só retornando a sua cidade natal para visitar seus pais e rever Domingas, a qual foi muito sua amiga.
        O narrador preocupa-se em detalhar a trajetória dessa família, assim voltando várias vezes no tempo, buscando descrever cada situação como a do pai de Zana, com quem começou a história desta família, com a chegada de  Galib e Zana a Manaus,  depois que este perde a esposa. Lá eles conhecem Halim que logo se tornou esposo de Zana.         
          Após a lua de mel dos recém-casados o pai da moça vem a falecer no Líbano, sua terra natal. O casal decide fechar o restaurante que pertencia a Galib e mudam-se para próximo do porto da cidade, onde abrem um pequeno negócio – um armarinho – que no futuro prosperará e será administrado por sua filha, Rânia, moça bela mas que nunca consegue se apaixonar ou muito menos casar, pois vive em função da família e do seu irmão gêmeo caçul, salvando-o de suas confusões frequentes.
           Mudam-se para a nova casa, onde Halim e Zana recebem,uma menina, que depois de ficar órfã foi morar num orfanato de freiras e logo foi doada para o casal que a criou e de quem se tornou empregada e companheira de Zana nas suas orações e no cuidado com os filhos gêmeos. Domingas cuidou de Yakub como mãe, pois sua verdadeira mãe dava mais atenção ao outro gêmeo que nascera muito doente e se tornou seu favorito, assim iniciando uma rivalidade entre os irmãos.                    
            O caçula, assim chamado por sua mãe, é o exemplo em pessoa daquele filho que, criado com muito cuidado, tornando-se covarde, sob  os mimos e a proteção da mãe. Se satisfazia em perturbar a vida do irmão. durante toda a história narrada, foi causador de todas as aflições de todos, principalmente de seu irmão mais velho, pois fez o que pode para atrapalhar sua vida e querer suas conquistas, principalmente amorosas.
            Ambos travaram muitas lutas e discórdias, mas no fim, sem ajuda dos pais o caçula acaba sofrendo a perseguição e a vingança de seu irmão Yaqub, porém é ajudado por sua irmã Rânia.
          Omar, o suposto vilão, percorre durante a historia cravado na lembrança e na memória de Domingas que, tendo um sentimento de amor,  ódio e rancor  por ele, não sossega até o dia que resolver contar este segredo a seu filho, com quem morava na casinha no fundo do quintal.
         O filho de Domingas cresceu no meio daquela família e com incessante sede de saber quem era seu pai, desconfiava dos gêmeos, mas não sabia qual deles. Teve uma grande convivência com seu avô o qual lhe confidenciava muitas coisas sobre sua vida. Presenciou a morte de Halim e logo após também perde sua mãe que antes lhe contou o que tinha acontecido e quem era seu pai. Contou-lhe que, numa noite, o Caçula chegou embriagado de suas festanças, adentrou no quarto de Domingas, agarrou-a e a violentou. Relatou que Halim lhe apoiou durante a gestação e que ele gostava muito do garoto, mas seu rancor continuava, esperava como quem espera algo muito valioso, o perdão do seu agressor.
          Infelizmente Domingas não conseguiu esse pedido de perdão, acabou desencarnando em seu quartinho, na casa de trás, deixando Nael, seu filho tão querido, nas garras daquela família que tanto lhe deu alegrias e tristezas.
         Nael continua sua trajetória, cuidando da arrumação da casa e de Zana que a esta altura já estava em pleno leito da morte, culposa pela desunião dos filhos e aflita pelo desaparecimento do seu filho tão querido, o Caçula.
.       Acontece seu desenlace da matéria; sua casa é vendida ficando somente a parte dos fundos que Yaqub deixou para que Nael não ficasse desamparado. Este conclui seus estudos, torna-se professor e passa a lecionar na mesma escola em que estudou.
         Num certo dia, em baixo de muita chuva Omar apareceu no seu quartinho, olhou-o, fitou-o, por um segundo.  Nael pensou que ele iria pedir o tão esperado perdão pelo qual sua mãe ansiava, mas ele deu as costas e foi embora.
         Em síntese, as contribuições que Dois irmãos fornece é um aglomerado de informações que transporta o leitor a uma viagem satisfatória com uma dose de aprendizado sobre a região  amazônica.

HUXLEY, Aldous. Admirável Mundo Novo.  São Paulo: Globo, 2009.
Natacha Gondim
Paula Morais
Na obra “Admirável mundo novo”, Aldous Huxley descreve uma sociedade futurística “perfeita”, verdadeiramente claustrofóbica, dominada apenas por um governante e organizada cientificamente por castas (grupos sociais impostos pelo sistema). Nesta sociedade não há valores morais e nem religião, sendo assim nulo o conceito de família. Todos consomem uma droga lícita chamada “soma”, que serve como uma fuga da realidade, aliviando todas as preocupações e garantindo dessa forma uma falsa felicidade, uma liberdade morta para todos.
No “admirável mundo novo”, a geração do indivíduo se dá pelo processo Bokanovsky, um processo de condicionamento, bastante detalhado no livro. A princípio há um pré-condicionamento biológico e encubamento de óvulos e embriões, isto é, uma espécie de clonagem múltipla. Depois há o condicionamento psicológico através de repetidas frases, como por exemplo: “Não fique com roupas velhas, jogue-as fora e compre novas é mais econômico assim”. Mas cada condicionamento depende da casta de cada individuo. Cada ser pertence a uma casta que pode ser: ALFA (detentores de conhecimento, casta alta e vestem roupas cinza), BETA (detentores de habilidades específicas para a realização de tarefas e casta alta), GAMA (mão-de-obra, casta baixa e vestem roupas verdes), DELTA (casta baixa e vestem roupas cáqui) ou ÍPSILON (casta baixa e vestem roupas pretas). Já os sentidos e sensações lhes são apresentados através de filmes, dentro de uma sala de cinema onde há terminais sensoriais, tornando real tudo o que estivesse no filme, como o cheiro por exemplo.
Em tal condicionamento a idéia de religião, casamento, família, pai e mãe são vistas com maus olhos, devido imposição do governo, pois tudo que é intenso e duradouro não é bom para os indivíduos, para não passarem por fortes emoções. Mas para compensá-los e confortá-los é dada a eles diariamente uma dose de “felicidade”, no caso a SOMA, uma droga liberada pelo governo. Essa droga, também os mantém sem nenhum tipo de enfermidade, saudáveis e jovens. Acalentando-os de qualquer questionamento sobre o passado, pois tudo do mundo antigo fora destruído, dos livros a monumentos históricos e obras de arte.
A princípio a história se inicia com a inconformidade de Bernard Marx que pertence à casta alfa. Ele não se sente satisfeito no sistema em que vive, por ser diferente fisicamente dos outros de sua casta. No admirável mundo novo a estética das pessoas e o ambiente parecem ser europeus. Inconformado com tal sistema, Bernard decide visitar o que restou do mundo antigo, onde vivem alguns selvagens, o que parece ser na América do sul.
Nesta viagem, Bernard leva Lenina, pertencente à casta beta. Chegando a essa civilização se deparam com índios e mestiços que ainda conservavam os costumes tão repugnados na nova civilização, como a religião, casamento, família e outras coisas também como as enfermidades, que são nulas na sociedade futurista.
Bernard conhece uma senhora chamada Linda que tem um filho chamado John e muito intrigado com tais selvagens os convida para voltar com ele a sua nova civilização, pois Bernard quer apresentá-los ao admirável mundo novo. Linda aceita e consigo leva seu filho John que se apaixona perdidamente por Lenina. Mas essa paixão não vai muito em frente, pois Lenina não aceita a idéia de envolvimento duradouro, chegou a se envolver com John, mas não teve coragem de encarar a sua sociedade.
Ao chegar à nova civilização John provoca certo fascínio à população futurista por ser um jovem selvagem e muito bonito, logo é induzido também a tomar soma, mas sua mãe Linda já não recebe o mesmo tratamento por se tratar de uma velha índia; adoece de tanta tristeza e acaba morrendo. John, ao ver sua mãe morta, se revolta completamente com o admirável mundo novo.
Bernard e John são convocados a irem ao gabinete do administrador de toda aquela sociedade civilizada, o senhor Mustapha Mond, onde tiveram uma longa conversa, como ele percebeu que tanto Bernard quando John estavam insatisfeitos e que poderiam colocar a harmonia de todo aquele sistema abaixo. Decidiu mandar Bernard para uma ilha onde as pessoas perceberam a consciência de suas próprias individualidades e vivem comunitariamente bem, semelhante com a antiga civilização. Já John preferiu se isolar em um antigo farol, numa forma de reclusão de tudo e todos, mas sua paz não durou muito tempo, pois fora descoberto por jornalistas e curiosos que queriam ver o comportamento de tal ser selvagem. John não agüentou tanta exposição e acabou se suicidando.
Este livro pode ser considerado bastante polêmico, principalmente, no que diz respeito ao nosso futuro, envolvendo tantas intervenções tecnológicas, crítica ao capitalismo e uma suposta liberdade que temos nos dia atuais. Considerando que a obra fora publicada em 1932, pode-se dizer que Aldous Huxley fora bastante profético em muita coisa que escrevera em “Admirável mundo novo”, como a dependência de drogas, a globalização e a clonagem.
Por fim, Aldous Huxley com sua obra tão intrigante faz com que analisemos até onde podemos chegar em nome da modernidade tecnológica. Faz-nos refletir até mesmo sobre nossos relacionamentos, no modo como vivemos afetivamente e socialmente.

Referências
HUXLEY, Aldous. Admirável Mundo Novo, Globo: 2009

Ana Cláudia da Costa Lima
Hannah Mohamad Birani Alexandre
HATOUM, Milton. Órfãos do Eldorado. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
Órfãos do Eldorado é uma novela que dá sequência à exploração ficcional do Norte Brasileiro, empreendida por Milton Hatoum, nascido em Manaus no ano de 1952. A história é narrada por Arminto Cordovil que, velho e sozinho às margens do rio Amazonas, relata para um viajante à sombra de um Jatobá, a trajetória de sua própria vida.
Desde criança teve sua vida marcada pela morte de sua mãe Angelina: “Até hoje recordo as palavras que me destruíram: tua mãe te pariu e morreu.” (HATOUM, 2008, p.16). Filho de um rico empresário no ramo da navegação no Amazonas, o jovem teve uma relação fria com o pai Amando que o culpa pela morte da mãe: “Entre nós dois havia a sombra de minha mãe: o sofrimento que ele suportava desde a morte dela. Para Amando, eu era o algoz de uma história de amor.” (HATOUM, 2008, p.27)
No seu relato, conta que foi educado por Florita, uma caseira considerada sua segunda mãe: “Até o dia em que Amando entrou no meu quarto com uma moça e disse: Ela vai cuidar de ti. Florita nunca mais arredou o pé de perto de mim.” (HATOUM,2008,p. 16).
Sempre recriminado pelo pai e único herdeiro da rica família Cordovil, quando herda as propriedades e a empresa do pai, um grande capitalista que adquiriu uma grande fortuna durante o ciclo da borracha, Arminto se mostra sem capacidade e sem disposição para administrar a herança, o que o conduz do luxo a pobreza. Até que um dia, quando o protagonista cruza seus olhos com os de uma moça chamada Dinaura, criada pelas freiras carmelitas, em Vila Bela no convento, o herdeiro reconhece que sua vida mudaria completamente e mudou, pois entre eles, restou apenas uma noite de amor.
Sua ausência é encoberta por lendas de mulheres que, seduzidas por botos, cobras e sapos, foram arrastadas para uma cidade encantada. O mito da cidade encantada, a atração pelo fundo do rio aparecem como uma impossibilidade de conhecimento da personagem feminina por parte de Arminto. Essa impossibilidade é tão grande que chegam a misturar-se sonho e realidade.
Referindo-se ao seu namoro com Dinaura, assim expressa o narrador:
“Foi um namoro silencioso. Às vezes, eu escutava a voz de Dinaura nos sonhos. Uma voz mansa e um pouco cantada, que falava de um mundo melhor no fundo do rio. De repente ela ficava muda, assombrada com alguma coisa que o sonho não revelava.” (HATOUM,2008, p.41).

Sua amada, realmente constituiu um mistério para ele: “Nunca revelou quando havia entrado no orfanato. E me acostumei com o silêncio, com a voz que eu só ouvia nos sonhos.” (HATOUM,2008, p.41).
Eternamente apaixonado, o jovem vive em constante busca nas matas ou nas cidades vizinhas. Sofre com as consequências do abandono do seu pai, e com as irrealizações e seus desejos, o deixa à beira da loucura, mas o melhor amigo de Amando, conhecido como Estiliano,  um advogado, o auxilia a suportar as muitas perdas.
 Arminto descobre por intermédio do grande amigo de seu pai que Dinaura, o grande amor de sua vida, poderia estar em Eldorado, uma cidade mítica em que repousam antigos descendentes dos soldados da borracha. Ele resolve então encontrar com a moça não em um local imaginário, mas no interior da mata.
Assim, Órfãos do Eldorado é inspirado no mito amazônico da cidade encantada de Eldorado, paraíso que existiria no fundo de algum dos rios da região, segundo lendas amazônicas. Na novela de Milton Hatoum, Eldorado é também um barco da companhia da família Cordovil. O barco afunda e leva a família à falência.
Hatoum traz à existência dois Eldorados, o fictício que representa um lugar ideal, e o real que é uma grande tragédia material, constituindo uma presença muito forte na vida dos personagens, em busca da felicidade, no entanto, sempre frustrada. Arminto, em sua narrativa torna-se refém dessas contradições de Eldorado.
Por fim, cabe aqui verificar quais os mitos inseridos na narrativa deste romance de Milton Hatoum e como se dá essa inserção. O mais importante é sem dúvida, o mito do Eldorado ou da Cidade Encantada. O próprio autor, no Posfácio da obra, assim o define:
“Muitos nativos e ribeirinhos da Amazônia acreditavam – e ainda acreditam – que no fundo de um rio ou lago existe uma cidade rica, esplêndida, exemplo de harmonia e justiça social, onde as pessoas vivem como seres encantados. Elas são seduzidas e levadas para o fundo do rio por seres das águas ou da floresta (geralmente um boto ou uma cobra sucuri), e só voltam ao nosso mundo com a intermediação de um pajé, cujo corpo ou espírito tem o poder de viajar para a Cidade Encantada, conversar com seus moradores e, eventualmente, trazê-los de volta ao nosso mundo”. (HATOUM,2008, p.106).